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quinta-feira, 14 de abril de 2011

Bom humor total

O Montagna ficou de mau humor neste carnaval...E eu também! Mas carnaval é alegria, a festa da carne! Sei que esta porcaria de festa começou recentemente em fevereiro e seguirá até pouco antes do Natal. Por isso, como sugeriu o grande Olavo de Carvalho, peço que se divirtam com o samba-enredo do  ' Grêmio Recreativo da Casa do Cara...'

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Patenteando a Amazônia

Excelente o artigo do Montagna sobre patentes. Mas, se você é um daqueles que concorda que as patentes são uma maldição e que fármacos deveriam ser de domínio público, pois salvam vidas, então experimente trabalhar de graça.

O que é uma patente? Veja a definição do 35 U.S.C. § 101 do Patent Act de 1793: "Whoever invents or discovers any new and useful process, machine, manufacture, or composition of matter, or any new and useful improvement thereof, may obtain a patent therefor, subject to the conditions and requirements of this title. Tradução precária: "Quem quer que invente ou descubra qualquer processo, máquina, processo industrial ou composição material, ou qualquer aperfeiçoamento novo e útil dos mesmos, poderá, portanto, obter uma patente, sujeita às condições e requerimentos desta lei". Então, uma patente tem que ser algo novo e útil.

John Craig Venter, no seu projeto 'genoma humano' tentou, mas não conseguiu, patentear genes. Sem dúvida, seu projeto é algo novo, mas onde está a utilidade? A utilidade poderia surgir a partir do momento que seu grupo descobrisse como diagnosticar e curar uma doença genética.
 
Muitas pessoas no Brasil acreditam que o gringo chega na floresta Amazônica, rouba umas plantinhas, e logo depois se torna milionário, patenteando algo que pertence ao patrimônio nacional. Não é bem assim.  Uma pessoa versada em farmacognosia poderia facilmente descobrir uma molécula nova proveniente de uma planta da floresta Amazônica. No entanto, seria necessário gastar centenas de milhões de dólares para que seja possível provar que tal descoberta é útil para a cura de uma doença. Isto inclui fazer testes in vitro, testes em animais, e, se tudo der certo, fazer ensaios clínicos. Enfim, não importa se um brasileiro ou um estrangeiro descobriu uma molécula produzida por uma planta ou animal na Amazônia. Para se conceder a patente à alguém, é necessário provar que a descoberta seja nova e útil.

Doutores

O título de doutor no Brasil parece dar um ar de divindade reverencial ao portador, habilitando-o a opinar sobre qualquer assunto. A cobiça é tanta, que gente que não tem o título, julga tê-lo; outros omitem que não têm ou até mesmo mentem que têm. Para mim é simples: doutor é aquele que fez doutorado. No Brasil, advogado é doutor, mesmo após ter cursado a graduação por quatro ou cinco anos e ter sido aprovado pela OAB. Médico também é doutor, pois basta terminar o ensino médio e  mais seis anos de estudos para ganhar o cobiçado título. Até mesmo farmacêutico é doutor; pelo menos é isto que está escrito na carteirinha do Conselho Regional de Farmácia. Uma comparação rápida: nos EUA, só se entra numa escola de medicina ou direito depois de ter cursado outras matérias na graduação (como química, biologia, história etc) por pelo menos quatro anos. Para ser farmacêutico, algumas escolas de farmácia exigem pelo menos dois anos de graduação para que o aluno possa ser aceito.

De fato, tem cidadão que confunde a situação de doutorando com o título de doutor. Veja, por exemplo, o caso da presidenta: por pelo menos duas vezes, a Sra. Dilma Rousseff em entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura, é introduzida como "economista com doutorado em teoria econômica". Mais tarde, em 2009, quando foi descoberto que ela nunca havia defendido a tese, ela diz "por que eu não defendi a tese? [...] por que eu estava trabalhando". Ora, porque então a senhora não falou que não tinha o título de doutorado cinco anos antes, no programa Roda Viva?

É claro que omitir não é tão grave quanto mentir. Em 2006, Aloízio Mercadante diz durante debate com candidatos ao governo  de São Paulo: "Me formei na Universidade de São Paulo, fiz meu mestrado e doutorado na Unicamp". O curioso é que o recém doutor, Aloízio Mercadante, defendeu sua tese dia 18 de dezembro de 2010! É o exemplo clássico 'doutorando doutor'. Pasmem, o Dr. Aloízio Mercadante defendeu sua tese duas semanas antes de assumir o Ministério da Ciência e Tecnologia, aquele mesmo que cuida das bolsas de doutorado e das verbas de pesquisa!

Gostaria de dar só mais um breve exemplo. Na verdade, o Sr. Drauzio Varella mereceria não um só, mas vários artigos ou até um livro, tamanha é a afetação de superioridade que este graduado em medicina e estrela da mídia possui. Em entrevista no Programa do Jô, por volta da época que a lei de repressão ao tabaco foi aprovada, ele diz "a nicotina vicia mais que a heroína, que a cocaína que a maconha, que qualquer outra droga". Para comprovar, o médico, que jamais publicou um só artigo em revista científica, declara que estudos demonstram que ratos de laboratório preferem apertar o botão que fornece nicotina ao invés de apertar o que fornece comida. Ele só esqueceu de verificar que o mesmo é vedade para outras drogas, como cocaína e heroína. Depois ele afirma que durante seu trabalho em presídios, os viciados em cocaína, crack ou maconha largam estas drogas, mas não largam o cigarro. Segundo este senhor, o tabaco é a droga mais perigosa do mundo! Só esqueceram de avisá-lo que o tabaco ainda não é ilegal, mas as outras drogas sim. Além disso, nunca vi ninguém ficar 'chapado' por que fumou um cigarro. Nunca vi ninguém sofrer um acidente de carro, morrer de overdose ou assaltar por ter queimado um punhado de folhas de Nicotiana tabacum. Contudo, o Sr. Drauzio Varella não quer que você aceite os fatos, pela simples razão que o que ele diz é a própria verdade. Afinal, ele é 'doutor'.