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quarta-feira, 22 de setembro de 2010

A internet que voa

    Aqui nos EUA cerca de 36% dos fazendeiros não têm acesso a internet. O problema é sempre o mesmo: falta de infra-estrutura. Cabos de cobre são caros, sendo que  a solução normalmente é o uso de antenas de celular. Jerry Knoblach, dono da Space Data Corp. , apostou numa solução inovadora, que consiste em lançar balões com dispositivos que permitiriam o acesso a rede. Sua companhia lança 10 balões por dia, que são usados atualmente por caminhoneiros e companhias de petróleo. A idéia chamou a atenção da Google Inc., que de acordo com The Wall Street Journal, está considerando a compra da Space Data Corp. e investindo em serviços de acesso sem-fio. Os balões são semelhantes aos empregados no previsão do tempo, mas ao invés de usarem hélio, são inflados com hidrogênio. Apesar de ser altamente inflamável, o hidrogênio é muito mais barato que o hélio, por este último ser raríssimo na natureza.
    Interessante é notar que a vida útil de cada balão é de cerca de 24 horas, porque estouram ao atingir cerca de 30 quilómetros de altitude. Por isso, o equipamento, que custa 1.500 dólares, tem de ser recuperado com a ajuda de um pequeno pára-queda. A tarefa de recuperação fica para pessoas munidas de GPS e dispostas a enfrentar lugares de difícil acesso para ganharem 100 dólares por aparelho. O lançamento dos balões é um pouco mais fácil e é feita por fazendeiros no sul dos EUA, que ganham 50 dólares por balão.
    Ambientalistas temem que os pedaços de látex que caem depois que os balões estouram possam prejudicar animais. Segundo eles, os animais poderiam ingerir o material e morrer. Porém, como ambientalistas se assemelham a melancias (verdes por fora como uma árvore, mas por dentro, tão vermelhos quanto bandeiras de países comunistas), eles também se opõem à instalação de antenas celulares por matarem pássaros que eventualmente se espatifam nelas. Na verdade o látex é tão biodegradável quanto um galho de árvore apodrecendo.
    A solução para transmissão de dados criada pelo sr. Jerry Knoblach é formidável e poderia resolver problemas de acesso em áreas remotas. A comunicação é feita numa altitude superior às antenas celulares, mas muito inferior a dos satélites geoestacionários. Os custos de lançamento e manutenção dos satélites de telecomunicações são elevados, pois orbitam a 36 mil quilómetros de altitude. Por enquanto, o serviço está disponível apenas no sul dos EUA.  No Brasil, o serviço poderia ser muito útil, considerando que em muitos lugares do país, a antena de celular mais próxima está a centenas de quilômetros de distância. No entanto, além dos entraves burocráticos do Ministério das Telecomunicações e do poderoso Ministério do Meio Ambiente, problemas técnicos como o da recaptura dos dispositivos em áreas de remotas poderiam dificultar o trabalho da empresa que se dispuser a investir no negócio.

P.S. Este artigo foi enviado ao meu amigo do Techbits, mas nunca foi publicado.

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